O PT reforçou ontem a defesa
pública do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo de suspeitas de
ocultação de patrimônio e de receber favores de empreiteiras investigadas na
Operação Lava Jato. Em plena segunda-feira de carnaval, o presidente do
partido, Rui Falcão, publicou artigo no qual acusa a oposição e setores
“capturados pela direita” de tentarem o “linchamento político e moral” do
petista. Ao mesmo tempo em que busca estabelecer uma reação, a cúpula petista
avalia que o caso envolvendo o sítio em Atibaia (SP) é o que apresenta maior
potencial de desgaste para o ex-presidente pela ausência de uma estratégia
clara e definida de defesa.
5915m
'Nunca antes neste País um
ex-presidente da República foi tão caluniado', afirma Rui Falcão (esquerda),
presidente do PT
Em caráter reservado um dirigente
da sigla disse ao Estado que o entorno do ex-presidente Lula tratou sua defesa
no caso do sítio de forma “amadora”. Petistas reclamam, ainda, da ausência de
uma versão consolidada para embasar o discurso da militância. A cúpula da
legenda cobra de Lula a contratação de uma equipe de advogados de peso, cuja a
presença “intimide” o que chamam de “tentativa de linchamento”. Recentemente,
Lula contratou o criminalista Nilo Batista, ex-governador do Rio, para
defendê-lo por sugestão do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), espécie de
conselheiro informal do ex-presidente para assuntos jurídicos.
A avaliação recorrente é que a
resposta ao episódio do tríplex do Guarujá, no litoral paulista, demorou para
acontecer, mas no final foi eficiente e não deixou “pontas soltas”.
Lula e sua mulher, a
ex-primeira-dama Marisa Letícia, foram intimados para prestar depoimento como
investigados no inquérito do Ministério Público de São Paulo que apura
empreendimentos da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São
Paulo (Bancoop) assumidos pela empreiteira OAS. Promotores suspeitam que Lula
seja o verdadeiro dono do tríplex 164-A do condomínio Solaris, reformado pela
empreiteira ao custo de R$ 770 mil.
Em nota recente, o Instituto Lula,
presidido por Paulo Okamotto, itiu que Lula visitou a unidade em 2014
acompanhado do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, e apresentou uma série de
documentos reforçando a defesa de que a família do ex-presidente tinha a opção
de compra do imóvel, mas desistiu no fim do ano ado. O condomínio Solaris
também está na mira da força-tarefa da Lava Jato.
‘Constrangimentos’. Setores do PT,
porém, temem que o sítio provoque mais “constrangimentos morais” para Lula.
“Não tememos que haja algum tipo de desdobramento penal”, disse o dirigente
petista. Na avaliação dele, não há mais como negar que ao imóvel era usado
quase que exclusivamente por Lula e sua família.
A Lava Jato e o MP paulista
investigam reformas na propriedade rural que está em nome de Fábio Bittar e
Jonas Suassuna, dois sócios de um dos filhos de Lula. A suspeita é que as
intervenções no imóvel de 173 mil metros quadrados foram feitas de forma
informal pela OAS e a Odebrecht para favorecer a família do ex-presidente.
A assessoria do Instituto Lula já
itiu que o petista e familiares utilizam “em dias de descanso” o sítio.
“Objetivamente, o sítio não é dele. Não vejo nenhuma ilegalidade no fato de o
presidente frequentá-lo. Estão fazendo uma publicidade desproporcional em cima
disso”, disse Damous. Nilo Batista preferiu não falar sobre a estratégia de
defesa. “Não vou tratar disso pela mídia.”
Por enquanto, o PT tenta emplacar
um movimento em “defesa” do ex-presidente por meio das redes e movimentos
sociais. O partido lançou nas redes sociais um movimento convocando militantes
e simpatizantes a adotar a hashtag #LulaEuConfio. “Lula está sofrendo uma
auditoria na vida dele pelo Judiciário, mas não há qualquer ilegalidade que ele
tenha cometido”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “Estão cutucando a
onça com vara curta”, afirmou o vice-líder do governo na Câmara, deputado
Orlando Silva (PCdoB-SP), que se reuniu anteontem com o ex-presidente no
apartamento do petista em São Bernardo do Campo. “Lula é o líder do nosso campo
político. Haverá reação e repercussão social.”
No seu artigo, Falcão conclamou a
militância a combater a “escalada golpista” e o “cerco criminoso” ao
ex-presidente.
“Nunca antes neste País um
ex-presidente da República foi tão caluniado, difamado, injuriado e atacado
como o companheiro Lula. Inconformado com sua aprovação inédita ao deixar o
governo, o consórcio entre a oposição reacionária, a mídia monopolizada e
setores do aparelho de Estado capturados pela direita quer convertê-lo em
vilão”, diz o texto.
O dirigente tem feito apelos para
que militantes saiam em defesa do ex-presidente. Na festa de aniversário do
partido, nos dias 26 e 27, no Rio de Janeiro, os petistas preparam um ato de
desagravo a Lula./ COLABOROU ALFREDO
MERGULHÃO
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